ENTENDAS O MEU ÓDIO, WALT WITHMAN

 

“Como te odeio, poeta amado”  - Nei Duclós -

 

(há sarcasmo em tuas rugas

ó meu humor de ontem!)

 

um profeta novo canta seu canto

é de América e sonho sua barba;

 

adormece sobre as folhas

e a terra é tudo o que lhe basta.

 

olhando o futuro, pronuncia:

 

eu vos juro que existem coisas divinas

mais belas do que

possam as palavras dizer

 

e entoa meu canto e o canto

de todas as gerações.

 

alheio a qualquer zombaria

arrenda para si o futuro

e todas as plagas daqui pra frente.

 

Walt Withman lava a tua cara, meu poeta!

é de mim ódio e açúcar

achar-te além do tempo

e sobre todos.

 

(Withman, vou pedir

que descuidem de teu túmulo

sobre ti: a relva da eternidade)